sábado, 20 de agosto de 2011

Análise de Maluco... pelo Coletivo Marcha da Maconha Goiânia

ANÁLISE DE MALUCO: PORQUE ALGUNS DOUTORES SE EQUIVOCAM TANTO

Tenho visto, sem nenhuma intenção, por pura infelicidade, e com um misto de indignação e tristeza as opiniões do Psiquiatra Marcelo Caixeta neste espaço. Tenho me eximido de responder a disparates tais como chamar os Professores Universitários  com orientação política de esquerda de invejosos,
(...) sentados em cima de um contra-cheque, que trabalhando ou não, vem gordo no final do mês de pagos pelos governos para falar mal contra o empresário, contra a empresa privada,  Homens não feminilizados, mas que odeiam os marchistas e  que falam contra o poder do trabalho, a lógica e a força do homem.
Ou sobre a Presidenta Dilma em pleno segundo turno de Mentirosa, intelectualizada obsessiva, de maquiavelica etc. E até generalizações tais como:
brasileiro é lerdo mesmo ou mulheres do grupo do governo gostam de homossexuais
         A última que tive a infelicidade de ler do referido Dr, foi sua opinião sobre A Marcha da Maconha Goiânia onde a chama de
Palhaçada e absurda, de manifestação de uma juventude cooptada por movimentos esquerdistas além de representar uma crise de originalidade.
BASTA! Não posso conter meu tom de indignação diante declarações tão equivocadamente autoritária do saber-poder. Começemos por conceituar pois que a confusão conceitual interessa `apenas aos facistas de plantão:
Esquredistas, segundo definição do Teórico do Direito e da Política o Italiano Norberto Bobbio, são os partidários da melhoria das condições de vida da maioria da população, enquanto direitistas são os partidários da conservação dos privilégios das Elites Tradicionais.
Eu sou de esquerda e a julgar pela opiniões expressas, o Doutor seria de direita?
Nas palavras de Requião ser de esquerda é ser solidário, fraterno, humano. É ser gente, é ter olhos, a alma e o coração voltados para as desigualdades e as misérias deste mundo.
Palhaçada enquanto ação do saltimbanco e arlequin é um trabalho digno de todo nosso respeito, tão belo que é aquele que busca e provoca no outro um simples e belo sorriso. Contudo, pejorativamente, Doutor, não serve o chingamento.
A Marcha da  Maconha tem buscado muito seriamente discutir a política proibicionista do Estado que criminosamente tem excluido milhões, encarcerado inúmeros e matado outro tanto,  sem no entanto resolver ou minorar a problemática das drogas.
Manifestamo-nos democratica e pacificamente ocupando as ruas da capital convidando a sociedade a discutir sobre drogas, políticas públicas, saúde, segurança, liberdade individual entre tantos outros temas urgentes e necessários. Isso não é palhaçada isso é exercício de cidadania.
E por fim, absurdo é querer reprimir o direito do povo a voz, a expressão e a discussão filósofica e política. A rua é do povo e por ele foi, e será, ocupada pra fazer valer seus direitos tantas e muitas vezes usurpado.
Quanto a originalidade, a Marcha da Maconha, assim como a Marcha das Vadias foi absolutamente singular e extravagante, além de provocar o riso contestador e irreverente. Somou-se em suas fileiras representantes do movimento Cannativista do Brasil inteiro, além de mais de 2000 pessoas, fato que nos deu o status de uma das maiores Marchas da Maconha do Brasil, protagonizada por jovens, artistas, cientistas, estudantes, cineastas, poetas, professores, advogados, todos originalmente Goianos.
   Respondido as adjetivações improprias  do Doutor Caixeta, falemos sobre os argumentos sofistas e falaciosos que usou:
Maconha é deletério, Traz infinitos males a saúde e incetiva a outras drogas
O doutor não cita as fontes ou pesquisas cientificas que corroborem sua opinião, seria uma afirmação baseada no senso comum ou no achismo?
Não existe nenhum único caso de morte ou overdose por utilização de maconha, contudo a proibição custa muito caro. Estimasse  que 30 mil dos 46 mil assassinatos anuais são relacionados ao tráfico de drogas. Isso sem contar que em 2010, 100 mil pessoas foram presas por crimes relacionadas ao uso de drogas. Segundo reportagem do Diário da Manhã, o trafico de dogras no Brasil mata mais do que a guerra. Em Goiânia  quase 80% dos 254 crimes de morte ocorridos até agosto deste ano está direta ou indireta vinculada ao tráfico de drogas. Ou seja, a maconha não mata mas a proibição sim!
Quanto aos infinitos males a saúde, equivoca-se novamente o opinativo Doutor, pois não é o que tem demonstrado a desmistificação científica sobre o assunto. Segundo uma das maiores especialista do mundo no assunto o neurocientista e farmacologista Daniele Piomelli defensor do uso medicinal da Cannabis:  A maconha é uma das substancias mais seguras que existem .
Quanto as propriedades medicinais continua o cientista, não militante da causa, a maconha é usada como um poderoso alívio para a dor crônica e não há nada muito eficiente contra isso agora. Pessoas com esclerose múltipla também têm benefícios ao fumar maconha, diversas pesquisas já mostraram isso. Ela também ajuda no combate a diversos outros problemas, como estresse, pressão alta, ansiedade, insônia, perda de apetite, cólicas menstruais e problemas intestinais.
O que eu posso dizer é que conforme as pesquisas avançam está ficando cada vez mais claro para os cientistas que a maconha não tem nenhum efeito tóxico no cérebro, na quantidade em que é normalmente consumida.
Existem pesquisas que mostram que grandes quantidades de maconha em um curto período de tempo vão gerar uma série de estragos. E elas estão certas. Mas isso também é certo para qualquer coisa. Se você tomar uma grande quantidade de aspirina em um intervalo pequeno, também terá muitos problemas. É impossível você matar alguém com maconha. O máximo que você vai fazer é botar a pessoa para dormir. Nós temos uma gigantesca lista de remédios usados normalmente muito mais perigosos que isso. A maioria desses analgésicos que são prescritos como água por aí são capazes de matar alguém -- em doses não muito maiores do que as consumidas normalmente. E você não mata ninguém com maconha.
Por enquanto, não temos evidência de nenhum estrago que seja feito pela maconha no cérebro. Mas fumar maconha, como fumar qualquer cigarro, aumenta o risco de câncer de pulmão, de câncer de boca, entre vários outros. Isso não faz bem e uma pessoa sensata evitaria. Alerta o especialista.
 A maconha deveria ser liberada? Isso é uma decisão que cabe à sociedade tomar. Nós, cientistas, só fornecemos os fatos.!
Outras pesquisas cientificas também corroboram o neurocientista.  Em 2006, o Instituto Scripps provou que o THC encontrado na maconha trabalha para prevenir a doença de Alzheimer por cronometrar os depósitos no cérebro que causam a doença.
Um estudo da USC de 2009 bem documentado mostrou que a maconha não é apenas uma alternativa perfeita para Ritalin, mas trata a doença sem  nenhum dos efeitos colaterais negativos da indústria farmacêutica.
E por fim o Dr. Marcelo Caixeta reverbera um chavão há muito desmentido: Que a maconha incentiva o uso de outras drogas.
Ora, 90% das pessoas que usam maconha na juventude param de fumar por volta dos 30 anos. Quem experimenta cigarro e álcool continua a consumi-los por muito tempo ou toda a vida (dados revista Isto é de 25 de fevereiro de 1998)
Por fim convidamos o Dr. a participar dos debates, cineclubes, seminários e reuniões do Coletivo Cannativista do Cerrado para melhor informar-se antes de escandalizar-se ante a organização popular e arvorar-se em preconceitos morais e provincianos.
Que ecoe o pedido da massas: Queremos discutir, dialogar, decidir. Queremos posições coerentes não hipocritas ou puritanas. Queremos o direito de argumentar e pesquisar. Repudiamos veementemente toda repressão e violência dos discursos que querem calar seu opositor ou coagi-lo ao pensamento único. 
 LEGALIZE JÁ!

Kelly Cristina Gonçalves, é Marxista, empregada pública, estudante de Direito, feminista e cannativista do COLETIVO MARCHA DA MACONHA GOIÂNIA.

Dia dos Amantes


No dia dos amantes tudo era cor. Os corações alegres, sem seus antidepressivos, ardiam, como se não necessitasse de drogas ou pior, de religião.
         Suas mentes se aquietavam como se fossem corpos cansados de sexo.
         O ar era leve. A brisa de paz.
         Não havia nos jornais páginas policiais.
Não se comercializava as emoções. Era como, se só existisse aquele dia ensolarado e florido.
         As mulheres faziam cirandas, tudo era livre como o vento nos cabelos.
         Ninguém precisava correr. O tempo era o instante exato do agora.
         Como beijo molhado e gostoso, ia passando o dia.
Era fresco, mas tropical. Podia se escolher entre samba ou rock, se praia ou cachoeira.
         O banquete era público. A fome não doía. A violência não gritava.
Nas ruas passeavam os casais, inúmeros, variados, singulares. Desfilavam em trios, quartetos, turmas e duplas.
Lindos! Amados, satisfeitos.
Sentia-se o desejo pulsando, mas não havia ansiedade, pois era um desejo de gozo certo, contido apenas por prazer, astúcia.
         No dia dos Amantes, a noite era uma criança e todas elas tinham casa, escola, proteção.
         Decidia-se no congresso que não precisávamos mais de leis e as gentilezas se multiplicavam.
         As pessoas se distribuíam pela terra, agora respeitada como mãe prodigiosa.
         Os bichos não morriam no zoológico e as pessoas não se alimentavam de suas mortes.
         A voracidade compulsiva consumista cedia ao equilíbrio do socialmente justo e necessário.
         Sabíamos cuidar de nossos dejetos e não se abjetavam pessoas.
         Não havia excluídos, nem dominados. Cooperava-se. A resposta era Sim!
         No dia dos amantes, as consciências estavam prontas, todos sabiam o que fazer. Era fácil, intuitivo, natural.
         Não existiam grupos de extermínio, nem racismo, nem fascismo. Os Direitos Humanos era lógico, óbvio, salutar. Ninguém jamais ameaçaria seu amor.
         A verdade era a regra, as memórias lembravam o tempo nebuloso onde as pessoas gastavam sua libido com trabalhos estéreis, inócuos, que enriqueciam devoradores de sonhos.
         Amados, amáveis, amantes. Todos eram plenos.
Calientes as pessoas giravam a bola do mundo. Eram felizes, sendo! Vivendo, querendo.
         A canção era do Chico o arranjo de Jobim, a arte era talento de todos, trabalho digno dos melhores.
         O amor nos tornava divinos, heróis, místicos.  Não se desprezavam os velhos, a vida era respeitada em suas fases. Não temíamos a morte, pois que era apenas o por do sol anunciando a transformação do céu em estrelas.
         No dia dos amantes... tudo era Eros, Afrodite, Cupido.
SEI QUE ELE HÁ DE CHEGAR, posso senti-lo vindo no horizonte. Com a força dos que lutam, dos que sonham e dos que desejam. Não será possível detê-lo. Não haverá lobby viável, nem dinheiro comprável, a repressão não terá força.
Delicado, diplomático, engenhoso. Vira em horda, em movimento de convergência. Refará as tribos, condensará as energias.
Ninguém mais sentirá culpa, as famílias serão arranjos do cuidado e da segurança. Não serão montagens neuróticas, nem vitrines de consumo.
Mas, enquanto não chega o dia dos amantes, vamos criando, gerando, comungando o Amor.
Até lá, só há uma coisa a se fazer. Uma única ação em todo cosmo para se derrotar Thanatos: Alimentar a energia da maior força que existe.
Assim, até que todos os dias sejam dias dos amantes, vamos brincando de amor pra fazer a revolução, até construirmos a revolução pra todos brincarem de amor.
        
Kelly Cristina Gonçalves é incorrigível Amante.
        

Elevadas Realizações

(...) também o revolucionário exige muita renúncia, cumprimento do dever, abnegação, porque as possibilidades de atingir a felicidade tëm de ser conquistadas pela luta. Na prática do trabalho de massas, o revolucionário esquece facilmente - e as vezes com prazer - que o verdadeiro objetivo não é o trabalho (a liberdade social traz uma diminuição progressiva da jornada de trabalho), mas sim a atividade e a vida sexuais em todas as suas formas, desde o orgasmo até as mais elevadas realizações. (...)
                                                                                                                                          Wilhelm Reich